sexta-feira, 2 de Novembro de 2012

Opinião: Estorvo (Chico Buarque)


Título: Estorvo
Autor: Chico Buarque
Edição: BIS

Género: Literatura
Formato: 12,5 x 19 cm
Ano: 2012 | Original: 1991
PVP 5,95 € | Páginas: 128

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SINOPSE
Narrativa simultaneamente poética e alucinante, Estorvo constitui uma grande metáfora do Brasil e, porventura, do mundo contemporâneo. Uma das mais sólidas obras da literatura brasileira dos últimos tempos.

SOBRE O AUTOR
Chico Buarque de Holanda nasceu no Rio de Janeiro em 1944. Compositor, cantor, poeta, escritor e dramaturgo, é uma das figuras mais populares da cultura brasileira.

OPINIÃO
Nunca um título fez tanto sentido. Em Estorvo, romance premiado de Chico Buarque, um dos mais famosos cantores e compositores do Brasil, o protagonista é um homem que preenche por inteiro a definição da palavra. É uma espécie de misantropo, não necessariamente por opção própria mas porque a sociedade, e até as personagens que lhe são mais próximas, como a mãe, a irmã, o amigo, o cunhado e a amiga magrinha da irmã (a nenhum deles, nem ao próprio, é atribuído nome) o têm habitualmente como pensamento secundário. Ou como o próprio narra: «Vejo a multidão fechando todos os meus caminhos, mas a realidade é que sou eu o incómodo no caminho da multidão».

Este estranho protagonista, que não diz mais de meia dúzia de palavras em toda a história, é um estorvo até para o próprio leitor. Mero espectador, nunca interveniente, vagueia de forma ilógica pelas várias cenas da narrativa, como que perdido num sonho, dificultando-nos ao máximo a compreensão. É desta forma que nos colocamos na sua pele. Tal como ele, acabamos por nos sentir fantoches, empurrados de uma cena para a outra, como na vida.

Chico Buarque faz um excelente trabalho na concretização de tão exigente premissa. Utiliza uma linguagem poética, mas sempre bastante simples, e tem o condão de nos tornar íntimos de uma personagem que não permite intimidades. Reeditado no mês passado como livro de bolso (com um preço bastante atractivo) pela BIS, Estorvo venceu o Prémio Jabuti para melhor romance em 1992.

PÚBLICO-ALVO
Apreciadores de romances de componente lírica, que não temam enredos dispersos ou a solidão e inevitabilidade da vida humana como temas centrais.

Texto: Tiago Matos

Artigo publicado na edição #15 da Revista 21

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