quarta-feira, 2 de Maio de 2012

Opinião: Persépolis (Marjane Satrapi)


PERSÉPOLIS
MARJANE SATRAPI
CONTRAPONTO
PVP 19,90€ | 352 PÁGINAS
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Persépolis é a autobiografia gráfica de Marjane Satrapi, uma jovem que cresce no Irão durante a Revolução Islâmica. Uma vida que vai certamente gostar de conhecer.

Há coisas que não se entendem no mercado editorial português. Persépolis foi originalmente publicado no ano 2000. Desde aí, recebeu dezenas de prémios, vendeu mais de um milhão e meio de exemplares por todo o mundo e, em 2007, foi adaptado ao cinema, sendo posteriormente nomeado para o Óscar de melhor filme de anima­ção. Os críticos de ambas as áreas renderam-se à enternecedora ho­nestidade da história, e a autora, Marjane Satrapi, transfor­mou-se numa das maiores em­baixadoras de sempre do Irão. Ainda assim, foram precisos 12 anos para vermos esta obra edi­tada no nosso país. Uma questão de prioridades que dá que pen­sar, ainda para mais se tivermos em conta a quantidade – e «qua­lidade» - de muitas das novidades das nossas livrarias.

No entanto, mais vale tarde do que nunca, e felizmente a Contra­ponto acha o mesmo, trazendo-nos num só volume «A História de uma In­fância» e «A História de um Regresso», as duas partes desta no­vela gráfica sobre a vida de uma iraniana que cresce du­rante a Revolução Islâmica e que por acaso é a vida da própria autora.

Torna-se, portanto, impossível analisar esta história sem utili­zar o ad­jectivo «sincera». Brutalmente simples nos desenhos e nos diá­logos, surpreende pela profundidade, mas também pelo ex­celente sentido de humor. Já para não falar que nos ensina mais sobre o Irão e as movimentações sociais e políticas do Mé­dio Oriente que qualquer ­noticiário actual.

Marjane aprende connosco. E coloca-se no meio, atacando não só a repressão do seu Irão, mas também a hipocrisia do mundo ocidental. A sua história apoia-se em emoções universais, e por isso funciona nos mais diversos públicos. É sobre amor e ódio, sobre injustiça, conformidade, e, acima de tudo, liberdade de expressão.

Não interessa se gosta de banda desenhada ou de islamismo na sua leitura. Mesmo para os mais relutantes, Persépolis é um excelente livro. Corra para a livraria.

Texto: Tiago Matos


Artigo publicado na edição #09 da Revista 21

1 comentários:

É realmente um grande livro. Lembrou-me o Maus em algumas passagens.
Agora quero ver se encontro o 100 Bullets.

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